Rodeado de bons amigos embarquei em mais uma viagem; desta feita o destino foi a Serra da Estrela.
Traçámos como objectivo principal fotografar algumas espécies da avifauna e assim foi.
Traçámos como objectivo principal fotografar algumas espécies da avifauna e assim foi.
Durante dois dias acordámos de madrugada e enfrentámos temperaturas a rondar os - 5 e - 6 graus, depois foi aquecer a alma e iniciar demanda por vários pontos marcados no mapa: Unhais da Serra, Barco, Vale do Rossim, Penhas da Saúde e Torre.
De madrugada, nas Penhas da saúde, as miragens que nascem do nevoeiro fazem parecer o topo dos sonhos um imediato alcançável.
A neblina deixa antever os certos movimentos.
Quantas máquinas voadoras consegues ver?
A serra ainda despida da candura do seu manto mas com vestígios de mãos de fumo e degelo.
O acordar lento dos seres incógnitos que habitam outra dimensão serrana.
A pele da Estrela a serpentear pela estrada, e como qualquer estrada que sabe para onde vai, não devia ter nome.
Da Torre desce a sombra dos amantes, como querem eles tocar nos pés do céu?
No Vale do Rossim, se não fosse o gelo, um mergulho na ficção era um convite inevitável.
Pelo caminho verificámos uma quantidade considerável de bagas vermelhas; a grande oferta deste fruto talvez tenha contribuído para que os bichos andassem mais dispersos.
O gelo sobrevive ao calor da terra e às rasteiras que os espíritos vegetais por aí plantam.
Independentemente do esforço e dedicação, na fotografia como tudo na vida, a sorte é um factor incontrolável da equação. A boa-ventura dá muito trabalho àqueles que acreditam que os pés também servem para voar.
Tinha o dia nascido à pouco tempo quando o Cruza-bico (Loxia curvirostra) começou a reclamar o topo dos pinheiros nórdicos.
O Tordo-ruivo (Turdus iliacus) compreensivelmente tímido, expiava as nossas reais intenções, por isso nunca fiando.
Quando chegámos à Torre encontrámos na berma da estrada, entretida entre o gelo e o granito, a discreta Escrevadeira-das-neves (Plectrophenax nivalis)
Se os ossos não me doerem, um dia destes voltarei a sentir o frio cortante na ponta dos dedos e o cheiro de uma lareira quentinha.
Bela reportagem. Parabéns e muito obrigada Sérgio por estes momentos poéticos.
ResponderEliminarObrigado pela atenção na leitura e pelas palavras de incentivo.
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