domingo, 22 de dezembro de 2013

O mapa da casa






No alto frio das tuas mãos
ofereci-te as paredes solitárias da minha casa,
onde os fantasmas de cal habitam livros de maus hábitos
e seres mudos de traço cinzento irrompem das paginas por escrever;
do meu canto onde me escondo mostrei-te os degraus que subo e as dores que desço
os corredores da noite mansa e as pedras de água vigilante,
a humidade das palavras que caem do tecto sem que ninguém lhes toque,
os livros despidos de pele e os espíritos vegetais de fotografias antigas.
Depois da estrofe conduzi-te pela fala da música:
toquei-te na ponta do teu dedo para o guiar na melodia,
tão nocturna como foram os nossos afectos desarmados
a medo…
ofereci-te um segredo quente na ternura de um café
em silêncio convidei-te a voltar,
quem sabe um dia, até depois,
agora que saíste...
a minha casa deixou de aparecer no mapa
quando nesta cidade voadora
paira no ar apenas um ponto e uma porta.  

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