Devagar... Vamos dar início a um ciclo de pequenas entrevistas com os artistas que assistem ao Café Poema no Cappuccinos Coffee Shop em Carcavelos.
A nossa primeira convidada é Branca Rodrigues, pintora e frequentadora assídua da nossa tertúlia e com uma exposição de pintura patente no Tea Lounge na Parede.
Entrevista com Branca Rodrigues, em 4 perguntas:
SG: Para si, como nasceu o
gosto pela pintura?
BR: Já veio comigo desde
pequenina. Aos sete anos fiquei fascinada com a revista “ Fagulha”
e o "Cavaleiro Andante". Lá em casa, todas as revistas que eu apanhada, era o
suficiente para ir ver logo as ilustrações, e era isso que gostava mais.
Nos livros, as ilustrações Conde Monte Cristo tornaram-se marcantes. Tal como as histórias do meu pai sobre bruxas e o
lobisomens. Gostei muito de geometria, que o meu irmão estudava, era
o rigor. E visitava os Oleiros ( havia 9 nove em Árgea, concelho de
Torres Novas distrito de Santarém) e fascinava-me com os desenhos
que eram feitos. E até ajudava...
SG: Onde se inspira?
BR. A minha pintura é uma
viagem.
É o que me vem à
cabeça ( ou de outro lado qualquer) e vou-me lembrando das coisas
que acontecem durante essa viagem; começo a pintar os sítios, às
acções, às emoções, recordações e as sensações. O meu o
trabalho não é auto-biográfico, é antes, movimento gestual expressivo .
Uma viagem até à praia é inspirador. Já pintei na rua. No meio de
muita confusão fico concentrada. Dá-me liberdade de pensar. É um
gesto rápido, uma pincelada de cor, e no fim fica bem...
SG: Pintores que mais admira?
SG: Pintores que mais admira?
BR: O meu primeiro contacto
com Pablo Picasso foi marcante. Tal como a vida dele e a maneira
como ele via a arte. O tamanho da Guernica fascinou-me. Em
El Greco, identifico-me muito com a linha das figuras no expressivo movimento das mãos. No caso dos portugueses,
gosto muito do Pomar e do Júlio Resende.
SG: E a Poesia?
BR: Gosto de poesia porque
tem muito movimento e ritmo... O meu poema favorito é do Cesário
Verde o “piquenique de burguesas” e claro o "Livro do Desassossego"
do Fernando Pessoa.
Então, para Branca Rodrigues, aqui fica:
DE
TARDE
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde (1855-1886)
1-gostei muito deste poema tão colorido.Francisco
ResponderEliminar2-lá estarei na 6ªf para apreciar a luta de poemos e de poemas .Branca