Passados 13 anos vamos lá abrir a caixa das ferramentas para desconstruir umas ideias.
Um amigo disse-me uma vez " a música dos Tool não explode, está num constante crescendo, promete, promete, mas nunca rebenta a bolha". Perante tais palavras, sorri, compreendendo um certo desconforto musical. Aprendi com a vida que em determinadas ocasiões não se deve discutir, futebol, política ou gostos musicais e neste caso estávamos na antevéspera de concerto destes californianos em 2006. Antes disso, em 2000, conheci a banda A Perfect Circle e o génio de Maynard, um ano depois por intermédio de uma amiga fui iniciado nos ministérios dos Tool ao emprestar-me a discografia da banda. Realmente esta é uma daquelas bandas que se ama ou então abandona-se ao esquecimento. Inicialmente, o que mais cativou foi o som não se parecer com nada que conhecesse, até mesmo com os projectos paralelos do vocalista Maynard (A Perfect Circle, Puscifer).
Musicalmente as composições dos Tool vagueiam entre o do rock progressivo com alguns laivos de psicadelismo industrial ao apresentar momentos de extraordinária elaboração em contratempos e reviravoltas mecânicas como se grandes blocos de uma parede maciça se movessem numa cadência aleatória. Seque-se a componente de vídeo e visualmente somos confrontados com o imaginário de estranhos seres que habitam um sonho futurista e que nos levam a abrir estranhas entranhas multidimensionais.
Adjetivando à bruta - no dia 2 de julho de 2019 assisti a um espetáculo inesquecível e quase místico, um ritual de contemplação sonora e visual. Foi um dos melhores concertos dos Tool que que tive o privilégio de presenciar e já lá vão 3. Sentado numa cadeirinha, mas não durante muito tempo, porque mal o concerto começou, os que estavam resfaltados levantara-se para melhor assistirem e participarem à sua maneira no culto de ferramentas hipnóticas que por ali já devastava a plateia rendida. Os meus pés aguentaram um par de horas a marcar uma cadência rítmica e desafiante e não me queixo. Nunca!
Não vou dizer os Tool são excelentes músicos, muito menos que o pavilhão estava à pinha com 20.000 almas, porque isso vocês já sabem. O que nunca tinha visto foi um intervalo cronometrado ao segundo num ecrã gigante para depois a banda voltar e anunciar a data de lançamento do seu novo trabalho. O concerto principiou com o tema Ænema seguindo-se The Pot, no meio foi-nos dado a conhecer Descending' e Invincible dois temas do novo álbum a lançar a 30 de agosto, depois seguiram-se outros momentos da carreira dos Tool, terminando o ritual com duas picadas de agulhas analgésicas Vicarious e Stinkfist, tudo isto acompanhado por uma massagem sensorial com recurso a laser de hipnótica cadência.
Foi há 13 anos que vi os Tool pela última vez neste mesmo local. Todos estamos diferentes. A vida moldou-nos com os seus enganos e sonhos desfeitos. Passado tanto tempo ainda sabemos o que nos faz falta - momentos como este.
Agradeço ao Sr, Maynard e aos seus companheiros de ferramenteiros o momento proporcionado, tal como o facto de nos concederam o direito a fotografar com o telemóvel o último tema do concerto, coisa que de outra forma não teria sido possível...
Até à próxima Tool!
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