Da nossa viagem pelas lezírias fica a imagem da seca e do pó que contradiz o ditado "Abril águas mil". Março praticamente não choveu e abril vai pelo mesmo caminho. Mesmo com umas tímidas pingas do início deste mês, são visíveis os efeitos da seca. Aqui, nas lezírias existe a produção de arroz, vinho, carne de bovino e azeite, a julgar pela secura dos talhões desocupados é bem evidente a terra gretada, mesmo tendo os rios Sorraia e Tejo a servir de apoio, a produção poderá sair afectada. Estamos cada vez a experienciar um clima subtropical quiçá resultado das nossas acções mas essa será sempre outra história. O objetivo desta viagem era fotografar a toutinegra-tomilheira, o que provou ser um desafio bastante difícil perante um bicho tremendamente irrequieto. Seguimos as indicações ao nosso amigo Frade, e uma vez no local, andámos literalmente atrás da ave em 200 metros de estrada. Ora para trás ora a frente, a toutinegra aparecia e desaparecia em cima das vedações sempre que nos aproximávamos. Mesmo assim, com sorte e persistência conseguimos um registo deste bicho que parecia estar com pressa para fazer as malas e partir.
Alguns momentos que ficaram na memória deste dia sem dança da chuva ou outra miragem.
Os portões de céu por abrir e os seus recantos.
Eis o registo possível da toutinegra-tomilheira (Sylvia conspicillata) e as suas consecutivas fintas às nossas aproximações.
A garça-vermelha fazia-se representar em bons números, e os seus voos era algo que não deixava indiferentes.
A álveola-amarela decidiu sacudir o traje sem receio algum dos mirones.
No meio de um terreno seco, surge a espera contemplativa do pintarroxo ao lado de pequenos resistentes vegetais.
Lá ao fundo a Ermida de Nossa Senhora Alcamé num dialogo com as nuvens.
Todos os dias procuramos algo que nos faça sentir melhor. Os homens e os bichos, a cidade e a lezíria, todos esperam aquilo que os céus e a terra lhe possam conceder. E às vezes o milagre da chuva é mesmo um milagre dos nossos dias.
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