Ir à Costa Rica para conhecer a biodiversidade local implica fazer uma saída nocturna pelos bosques nebulosos da floresta tropical. O percurso nocturno decorreu na floresta de Monteverde e para tal tinha traçado alguns objectivos fotográficos a atingir. Obviamente registar anfíbios, répteis, mamíferos e aves nocturnas estaria dentro do plano, contudo nem sempre as coisas correm como desejamos.
A noite caíra por estas geografias e as nuvens escuras pintavam o céu de tons ameaçadores. Quando eram 17:30 uma carrinha de uma empresa especializada em saídas de campo viera-nos buscar e seguimos para o local. O guia era bastante conhecedor da fauna e após uma breve apresentação traçou o plano do que seria espectável observar. Quando iniciámos a caminhada não chovia muito, todavia a humidade era considerável. Engoli em seco várias vezes e não foi só de espanto. Após quase duas horas a percorrer caminhos de pedra e lama (com algumas quedas), iluminados pela luz das lanternas. Por entre sustos, faltas de ar, encontrei algumas surpresas e meter respeito.
Hey...hombre... cuidado!... Num tronco rasteiro de uma árvore, a pouco menos de dois metros do nosso caminho, fomos alertados para esta cobra (Bothriechis lateralis), que serenamente aguardava a chegada da suas presas. Este magnifica réptil teria perto de um metro de comprimento de onde sobressaí os enigmáticos tons de verde e amarelo. Era imperativo manter uma distância de segurança! Uma mordidela deste bicho poderia ser muito complicado de gerir, por isso optámos por seguir em fila indiana afastados o mais possível do animal. Nestas coisas de território é sempre boa ideia respeitar quem está na sua casa com a sua família, não fosse a senhora cobra e os seus filhotes estarem de mau humor e sabe-se lá o que poderia acontecer... Sim, mais tarde o guia explicou-nos que os filhotes desta espécie mordem à bruta, sem dosear veneno, nem medir consequências. Passados alguns metros, surgiu outro exemplar deste réptil, bem por cima das nossas cabeças a cobra aguardava pela chegada da sua refeição.
(Bothriechis lateralis)
Mais adiante, surgiu outro respeitável habitante nocturno da floresta tropical - a tarântula (Megaphobema mesomelas). Este foi o instante em que o guia iluminou a toca da aranha, ao mesmo tempo, com um pauzinho batia no solo, apelando à curiosidade do aracnídeo. E ela veio ver quem era...
Agitado, no meio da vegetação, um tatu (Dasypus novemcinctus) passou a correr exibindo a sua resistente armadura corporal e não deu para fazer melhor do que isto...
Depois de andar um bom bocado, em cima de uma árvore surgiu este kinkajou (Potos flavus), um mamífero arborícula com perto de 60 centímetros. Não se mostrou muito incomodado com a nossa presença, pulando de ramo em ramo, em busca dos frutos húmidos da noite.
(Potos flavus)
Num largo tronco de uma árvore descansava outro aracnídeo, neste caso o escorpião (Centruroides limbatu) aqui exposto à luz ultravioleta. Foi-nos explicado que o exoesqueleto dos escorpiões é revestido por quitina que identifica a luz ultravioleta e deixa os bichos em estado de alerta. Eis a minha tentativa para fotografar o tonalidade florescente destes insectos quando expostos à luz ultravioleta.
Noutro tronco uma colossal barata descansava das suas fugas.
Não fosse o guia e este bicho-pau passava despercebido por entre a vegetação.
Ora aqui está a mais pequena rã que vi na Costa Rica - ainda sem identificação cientifica.
Em jeito de conclusão, seja de dia ou de noite, na Costa Rica, a cada recanto a biodiversidade é tão variada que surge sempre algo para fotografar. Bem perto dos meus pés, este pequeno lagarto iniciava o seu número de equilibrismo na finitude da noite tropical.
Sem comentários:
Enviar um comentário