quarta-feira, 12 de julho de 2017

Passadiços do Paiva



Caminhar, caminhar muito! Embarquei nesta saudável aventura com o intuito de fazer os 8 km dos passadiços do Paiva em pleno contacto com a natureza. De manhã, quando ainda  corria uma suave brisa, demos início à caminhada no sentido Areinho - Espiunca.

Lá fomos, entre as sombras e o rio, numa paisagem frondosa onde pontificam braços naturais dos salgueiros, enfeitando as margens do rio Paiva sob a forma de copa, construindo assim uma fantástica galeria rupícola. Os passos queriam-se lentos para usufruir dos encantos que aqui e ali espreitavam por entre árvores e as rochas. Lentamente a natureza revelava os seus encantos brindando os caminhantes com as suas histórias. O percurso fez-se com calma, de ritmo controlado, aproveitei para tirar umas fotografias, e claro... fui ficando para o fim do grupo. De quando em fez olhava para as margens do rio na expectativa de uma doce surpresa. Acalentava a esperança de observar lontras no rio Paiva, um dos rios mais limpos da Europa, porém não tive essa sorte. O facto de ser muita a gente a percorrer estes caminhos, tem como consequência que os bichos não se exponham tanto e procurem outras paragens. Como é caso das poucas aves observadas. Parámos a meio do percurso para descansar as pernas, encher as garrafas de água e pensar nos próximos passos. Depois foi sempre em frente até chegar às grandes escadarias. Uma subida íngreme de incontáveis degraus que nos afligia o fôlego. O desafio era chegar ao topo e olhar cá para baixo. Subir e contemplar a ascensão das coisas boas, a materialização dos limites em sucesso.  A lição que posso tirar deste desafio;  foi a força e determinação de uma senhora de 84 anos, que fez esta caminhada sempre na frente, sem se queixar, como os conquistadores de sonhos e outros mestres. No outro doía-me as pernas mas a alma procurava as janelas mais altas do tempo para se espreguiçar.

Os incêndios do ano passado devoraram tudo em seu redor, incluindo algumas estruturas dos passadiços. O homem voltou a construir escadas de pinho contornando as arribas, erguendo degraus e refazendo passagens. Agora, nas arestas da paisagem, as árvores erguem-se das cinzas, a par das construções que voltaram a serpentear a margem esquerda do rio. Por estes dias quase nada é intransponível.

Uma boa notícia para os caminhantes: Em breve os passadiços do Paiva irão contar com mais 4 km, de onde se prevê a ligação ao topo da Ribeira das Aguieiras. Tal como, a criação de uma nova ponte suspensa, com 400 metros de altura, na Garganta do Paiva. Haja pernas e Saúde!






A borboleta Melitaea deione reclamava o protagonismo entre as pedras e a vegetação.


Frente a frente com a borboleta Melanargia lachesis e as suas flores de estimação.



Algumas paisagens entre o rio Paiva e os passadiços





O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) expunha a sua carapaça ao sol.


A lesma preta (Arion ater) desafiava a velocidade dos musgos.


Fotogramas de silêncios entre escadarias e arribas.



A força dos rápidos




Já falta pouco! 


A proximidade de um abismo de trazer no bolso.


É já ali...


Degraus infindáveis... 


O lume levou quase tudo - temos que aprender a mudar a mudança...


Algumas das escadarias reconstruídas após o fogo.


 Assim se faz o caminho - em frente!









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