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removeram-me da carne raízes brancas,
longas e viscosas ramificações maiores do que eu,
responsáveis pelo peso invisível que acarto sob os ombros.
perguntaram-me o que fazer com as raízes serpenteantes:
enquanto elas sedutoramente se enrolavam
numa amalgama de vidas entrelaçadas,
escolhas consequentes dos meus erros e das minhas penas.
ao silêncio aguçado da agulha seguiu-se
o ranger dos dente, pela lasca em carne viva,
falha aberta na pele dobrada sem anestesia
e a linha coseu o lanho numa rigorosa bainha.
o conteúdo secreto da embalagem estava selado,
foi agora expedido para o destinatário combinado,
tal e qual como será amanhã e depois,
um novo ciclo após a extracção do último ponto.
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