Aqui estou,
no trono dos dias pequenos,
depois de tomar o lugar dos lugares aos espíritos das nuvens e do tempo que já passou.
não há banco do jardim que não conte uma história;
de meninos a correr atrás de uma bola,
de joelhos esfolados por combates em ruas sem fim.
assim era eu,
a ouvir o trote dos cavalos de Tróia,
depois das conquistas de terras pelo mar.
E quando a tarde convidava
ao retiro das mãos calejadas,
escutava a língua dormente de tantas fábulas,
na voz dos transístores os jogos de futebol,
em relato animado pela cerveja,
tantos eram os exércitos de dominó
e os baralhos de cartas nuas
em naipes de vida breve,
onde uma silhueta de fumo desfazia-se na ausência
de um cigarro na boca e com olho esquerdo sempre a piscar,
tudo é breve quando algo nos falta,
estando para lá do ser finito,
algures, num céu do tamanho dos afectos.
Hoje apetece-me rasgar o tempo em dois.
Que saudades tenho dos avós quando olho para os meus pais.
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