I
na copa semiesférica,
no topo dos pinheiros mansos existem cidades voadoras em almas esvoaçantes
habitadas por criaturas tão pequenas que cabem na tua mão ainda mais pequenina,
que quando junta à minha mão: é uma cidade maior que todas as geometrias
II
a intimidade da nossa fala não tem corpo
por isso temos o Amor depois das palavras queimadas
os incêndios das camas onde as pinhas e os pinhões são os nossos brinquedos
tantas vezes solitários, somos índios mascarrados de fuligem e resina na cara e nos braços;
crianças felizes e distantes:
quando tudo foge para dentro dos olhos.
III
no topo do pinheiro,
vives os teus dias de agulha em frugal delícia
não tens horas nem relógios pendurados nos ramos ou nas asas
na ponta do bico tens um beijo perpétuo pronto a cantar
cá em baixo tudo vive a um ritmo de húmus célere,
será que consegues amar o que fica depois de um livro fechado?
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