Em silêncio, Suki entrou no quarto 127 do Hotel Mandarim,
lá fora comemoravam-se as horas novas de um aniversário qualquer
Suki ligou o telemóvel e despiu o Quimono moderno numa imitação de Gueixa
(quando foi que fiz dezoito anos?)
segui-se um duche rápido perpetrado por uma dezena de mãos fantasmagóricas
posto isto, deitou-se na cama de abandono decorada a preceito
com pétalas de vermelho sangue e pérolas de um branco silencioso.
Passados dez minutos retirou uma ficha de casino da sua mala de senhora
(esta mala foi tão cara, nunca tive sorte ao jogo!)
acendeu um incenso e deixou-o queimar entre os dedos
e esperou como quem espera que nada aconteça depois de uma explosão
enquanto não chegava o morto, Suki...
(morto ou fantasma, como preferirem chamar!)
retirou uma caneta e numa caligrafia tantas vezes esquecida escreveu no ar:
“ De Macau, meu amor, ficou a bandeira e os pássaros de fogo
numa língua que explode todos os dias em estilhaços de verbo saudade
Os gangs e os casinos são habitados por legiões de homens que já morreram
sem que ninguém lhes dissesse como, nem lhe soprasse por cima do ombro tal novidade;
são assim as coisas que queremos esquecer e nos lembramos todos os dias,
eu durmo com estes homens por que sei que eles
morrem sempre um pouco mais, quando no ar explode um sonho distante.
De Macau, com Amor, meu fado”
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