uma jovem-tão-jovem com uma mala de senhora-tão-senhora fez sinal para que o eléctrico parasse.
de roupa justa às curvas que o corpo consentia e de olhos manchados de pressa,
ela entrou no eléctrico trazendo a chuva agarrada ao peito.
comprou um bilhete e no meio da carruagem
sacudiu o cabelo em câmara lenta,
em seguida puxou o curto vestido para baixo.
em seguida puxou o curto vestido para baixo.
sem que nada o fizesse prever,
a mala abriu-se e do seu interior caíram doces demónios amestrados;
um telemóvel que se desfez em nada melhor,
rebuçados de mentol,
uma maça com uma dentada no rebordo,
uma peça de lingerie estupidamente pequena
um telemóvel que se desfez em nada melhor,
rebuçados de mentol,
uma maça com uma dentada no rebordo,
uma peça de lingerie estupidamente pequena
vários preservativos multicolores,
e uma arma imaculadamente prateada,
um pequeno revolver (que não era de brincar) precipitou-se e rolou duas vezes no soalho do eléctrico.
com a rapidez de uma jovem-tão-jovem mas nada incomodada,
ela recolheu a arma e embrulhou-a na peça de lingerie,
depois apanhou a bateria e o visor partido do telemóvel,
e ainda, um ou outro preservativo e mais uns quantos rebuçados que conseguiu resgatar por entre os pés dos passageiros,
só abandonou a maça porque o fruto cirandava como um rato desnorteado na cabine do maquinista.
confiante, ergueu-se e guardou todos os seus haveres, fechou a mala de senhora-tão-senhora com tanta convicção que mais parecia uma actriz de cinema em pose fotográfica.
ela recolheu a arma e embrulhou-a na peça de lingerie,
depois apanhou a bateria e o visor partido do telemóvel,
e ainda, um ou outro preservativo e mais uns quantos rebuçados que conseguiu resgatar por entre os pés dos passageiros,
só abandonou a maça porque o fruto cirandava como um rato desnorteado na cabine do maquinista.
confiante, ergueu-se e guardou todos os seus haveres, fechou a mala de senhora-tão-senhora com tanta convicção que mais parecia uma actriz de cinema em pose fotográfica.
sorriu e os passageiros boquiabertos não conseguiram engolir o espanto.
como se nada fosse com ela,
sentou-se de perna escandalosamente cruzada entre a riqueza da filigrana nua e a sensualidade do requinte paralelo à pele.
sentou-se de perna escandalosamente cruzada entre a riqueza da filigrana nua e a sensualidade do requinte paralelo à pele.
para se abstrair dos olhares dos restantes passageiros,
pegou num jornal e não sabendo nada de economia, percorreu uma coluna cheia de números e curvas evolutivas da mais alta finança.
pegou num jornal e não sabendo nada de economia, percorreu uma coluna cheia de números e curvas evolutivas da mais alta finança.
após cinco minutos abandonou a leitura.
encostou a cabeça à janela e sentiu o bafo da sua respiração num desenho assustadoramente cardíaco.
encostou a cabeça à janela e sentiu o bafo da sua respiração num desenho assustadoramente cardíaco.
percorridas duas colinas de uma cidade voadora,
os passageiros entravam e saiam fantasmas de si próprios enquanto olhavam para a jovem-tão-jovem.
os passageiros entravam e saiam fantasmas de si próprios enquanto olhavam para a jovem-tão-jovem.
ela continuava imóvel, como se fizesse parte de uma aguarela desmaiada em amarelo torrado.
o eléctrico avançava e ela de olhos abertos,
onde cabiam todos os livros que ainda não foram escritos, imaginava como seria fazer uma pausa na sua vida, tão simples como carregar num botão e parar.
onde cabiam todos os livros que ainda não foram escritos, imaginava como seria fazer uma pausa na sua vida, tão simples como carregar num botão e parar.
assim ficou...
até que a engrenagem mecânica do corpo fizeram os freios da alma afrouxar,
a jovem-tão-jovem saiu na paragem do Castelo e ficou a dizer adeus ao eléctrico 28.
tão grata pela invenção da máquina do tempo.
Esta muito bom.... :) já agora ficas te com o numero ..?? :)
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