no espaço que ocupa um minuto e mais outro
a boca de palco ficou mais pequena
o pó e as sombras órfãos de pano
e mais os adereços, os pontos, as personagens
as encenações, as cadeiras e os guiões
tudo parou num acto de efémera levitação
de um momento para o outro
ouviu-se um eco perpétuo de encaixe perfeito
uma peça dentro de outra peça numa vida a pulso
em voz de aplauso e filigrana de luz
depois as crianças trouxeram as flores
e o humor nas rugas dos velhos risos
as portas dos teatros rasgaram os rostos
que de branco ainda choram numa palma eterna
e tu?
agora noutro palco sem fechar a porta
alma de par em par
tamanha saudade de uma árvore que ri.
e tu?
agora noutro palco sem fechar a porta
alma de par em par
tamanha saudade de uma árvore que ri.
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