Um ano depois,
não houve dia que não rememorasse
as nossas voltas, os diálogos nocturnos,
a complicidade do olhar entre o café matinal.
Mãe, por aqui, as flores desafiam ritmos,
continuo a governar a vida,
às vezes sem vontade nenhuma, outras...
com a pressa de incendiar a boca com o teu nome.
Indelével, nada apaga a tua falta,
nem as paredes caiadas de novos alfabetos
nem o piar mecânico do relógio de cama,
muito menos os comprimidos para adiar o desespero.
Hoje, na paz do cemitério, só se ouviam
as orações do vento e o cantar primaveril da saudade,
até que chegou uma senhora perto de mim e disse:
"Fique com Deus e boa Páscoa!"
humildemente retribui levantando-me deste chão.
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