domingo, 20 de abril de 2025

365 dias depois da tua partida






Um ano depois,

não houve dia que não rememorasse

as nossas voltas, os diálogos nocturnos,

a complicidade do olhar entre o café matinal.


Mãe, por aqui, as flores desafiam ritmos,

continuo a governar a vida,

às vezes sem vontade nenhuma, outras...

com a pressa de incendiar a boca com o teu nome.


Indelével, nada apaga a tua falta,

nem as paredes caiadas de novos alfabetos 

nem o piar mecânico do relógio de cama,

muito menos os comprimidos para adiar o desespero.


Hoje, na paz do cemitério, só se ouviam

as orações do vento e o cantar primaveril da saudade,

até que chegou uma senhora perto de mim e disse:

"Fique com Deus e boa Páscoa!"


humildemente retribui levantando-me deste chão.








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