sábado, 20 de abril de 2024

M22

 



Uma lágrima faz estremecer o vinco do lençol

imaculado como uma flor ainda sem nome,

há dias em que as palavras são audíveis rasgos de esperança,

outros, os opioides engolem-te para dentro de um anel de silêncio.

às 17:45 apanho o autocarro M22 que desembarca no hospital,

são 40 minutos em que observo o movimento de outras vidas,

de outras estradas, das casas que vão desaparecendo em contagem decrescente,

depois de o caminho estar feito, falta-nos dias em que reinámos mundo.

Mãe ninguém sabe quando passa o próximo...





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