sábado, 26 de junho de 2021

Incompleto

 



esta incompletude não me deixa só,

é como ter fome depois de provar todos os frutos,

insustentável secura, após sorver das fontes mágicas,

inacabado arrepio após desfeito o último prazer.


nada me contenta ou satisfaz,

desde os véus das fogueiras nas suas danças eróticas, 

ou as massagens nocturnas das plantas carnívoras,

passando pelos livros ou a música que detesto amar.


não me alegro com álcool ou capuchino açucarado de licor,

tampouco a migração das aves que me saem das mãos,

nem sequer as orquestras tecnológicas em que perco,

ou as orgias tácteis dos bichos de cama me animam.


mas sei que há um pontinho algures na finitude,

verbo por iluminar que me arrasta até à tua morada celeste,  

e todos  as manhãs a tua fotografia sorri,

enquanto o cacto que espreita à janela cresce sem se ver.






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