É sempre bom voltar aos locais que nos fazem sentir bem. Foi com esse pensamento que saudámos o reencontro com o Alfonso da NaturAlqueva. Desta vez levámos mais um amigo connosco para se iniciar nestas lides de fotografar a partir de um hidrohide. Enquanto experiência fotográfica é algo que recomendo; pois torna-se visualmente gratificante a composição fotográfica tendo como ponto de partida a água e a aproximação aos bichos que com ela interagem. Temos ainda os reflexos que podem conferir uma dimensão diferente à imagem e se a isso juntarmos e os tons quentes da paisagem, poderemos obter alguns fundos com um nível de desfoque interessante.
Mas voltemos à nossa experiência. Passavam poucos minutos das cinco da tarde e os 44º convidavam a estar dentro de água e foi isso que fizemos. Mal chegámos não perdemos tempo, vestimos os fatos de mergulho e entrámos no pequeno lago conduzindo os hidrohides. Esta charca era do tamanho de um campo de futsal, tendo a particularidade de ser habitada por umas criaturas anfíbias, semelhantes a girinos, que nos beliscavam inofensivamente. Com água pela cintura, conduzimos o nosso abrigo, ambientando-nos ao local, desenhando a nossa procura pelas margens e foi aí que a acção se desenrolou. Não tivemos que esperar muito. Passados alguns instantes surgiram as primeiras aves a investigar a segurança das redondezas. As cotovias abriram as hostilidades e logo após bebericarem, esponjaram-se de bico aberto para suportaram tamanha canícula. Depois, na imensidão desértica das estepes, surgiram longos pescoços com cabeças tipo periscópio, assim se apresentava a graciosidade desconfiada das abetardas. Aproximaram-se com cautela, supostamente receosas das estruturas que nos serviam de esconderijo, mas a sede era tamanha que elas não resistiram àquele oásis. Estávamos completamente rendidos à beleza das abetardas, pessoalmente nunca tinha estado tão perto da ave mais pesada da Europa. A alta temperatura não dava tréguas e com avançar da tarde anteciparam-se outras surpresas. Perfeitamente camuflados pela paisagem, um casal de cortiçóis assomou-se lentamente da água. Tentei um ângulo mais favorável para registar o momento em que a gota ficou suspensa entre a sede e a paisagem e tive sorte. Entretanto, com o passar do tempo, a pequena charca enchia-se de bichos sedentos em torno do bebedouro comunitário. Quando menos se esperava, engalanado pela solenidade do mistério, apresentou-se o senhor alcaravão com os seus olhos vidrados num outro astro. O chegar da noite deixou o horizonte suspenso pelo arrebol e o adejar das criaturas esvoaçantes. Quanto a nós, comuns mortais armados em anfíbios coleccionadores de memórias, saímos da água a sorrir, felizes com o que fizemos do tempo.
Mas voltemos à nossa experiência. Passavam poucos minutos das cinco da tarde e os 44º convidavam a estar dentro de água e foi isso que fizemos. Mal chegámos não perdemos tempo, vestimos os fatos de mergulho e entrámos no pequeno lago conduzindo os hidrohides. Esta charca era do tamanho de um campo de futsal, tendo a particularidade de ser habitada por umas criaturas anfíbias, semelhantes a girinos, que nos beliscavam inofensivamente. Com água pela cintura, conduzimos o nosso abrigo, ambientando-nos ao local, desenhando a nossa procura pelas margens e foi aí que a acção se desenrolou. Não tivemos que esperar muito. Passados alguns instantes surgiram as primeiras aves a investigar a segurança das redondezas. As cotovias abriram as hostilidades e logo após bebericarem, esponjaram-se de bico aberto para suportaram tamanha canícula. Depois, na imensidão desértica das estepes, surgiram longos pescoços com cabeças tipo periscópio, assim se apresentava a graciosidade desconfiada das abetardas. Aproximaram-se com cautela, supostamente receosas das estruturas que nos serviam de esconderijo, mas a sede era tamanha que elas não resistiram àquele oásis. Estávamos completamente rendidos à beleza das abetardas, pessoalmente nunca tinha estado tão perto da ave mais pesada da Europa. A alta temperatura não dava tréguas e com avançar da tarde anteciparam-se outras surpresas. Perfeitamente camuflados pela paisagem, um casal de cortiçóis assomou-se lentamente da água. Tentei um ângulo mais favorável para registar o momento em que a gota ficou suspensa entre a sede e a paisagem e tive sorte. Entretanto, com o passar do tempo, a pequena charca enchia-se de bichos sedentos em torno do bebedouro comunitário. Quando menos se esperava, engalanado pela solenidade do mistério, apresentou-se o senhor alcaravão com os seus olhos vidrados num outro astro. O chegar da noite deixou o horizonte suspenso pelo arrebol e o adejar das criaturas esvoaçantes. Quanto a nós, comuns mortais armados em anfíbios coleccionadores de memórias, saímos da água a sorrir, felizes com o que fizemos do tempo.
Voltar & Volver!
Aqui ficam algumas fotos da nossa tarde no Oasis del Secano.
Um casal de cortiçóis (Pterocles orientalis) avançava com cautela em direcção à água para saciarem a sede.
Depois veio o senhor mistérioso alcaravão (Burhinus oedicnemus), primeiro inspeccionou e depois bebeu.
Prestes a tropeçar nas suas patas - o equilibrista pernilongo (Himantopus himantopus).
Maçarico-bique-bique (Tringa ochropus) tenta um malabarismo de uma só perna.
O perna-verde (Tringa nebularia) decidiu molhar as patas e fez ele senão bem...
O pequeno borrelho-pequeno-de-coleira (Charadrius dubius) em passada militar.
Surpreendida a menina cotovia-de-poupa (Galerida cristata)
eram 3 hidrohides... onde está o outro?
Sem comentários:
Enviar um comentário