Depois de umas férias passadas no clima tropical da Costa Rica, tinha marcado na minha agenda visitar a exposição "uma maneira de ser moderno" de José de Almada Negreiros, na Fundação Calouste Gulbenkian. Foi sem dúvida alguma uma exposição inspiradora de tão multidisciplinar.
Sem dar por isso, perdi-me pelos corredores onde as obras eram autênticas massagens cerebrais. Perante tamanha dimensão artística senti-me pequenino, contudo admirador de obra maior, de artista maior, como é o caso de Almada Negreiros. Tantas foram as linguagens híbridas, quase mutantes, de uma performance constante, num espectáculo de palco invisível. Desde matemática, poesia, desenho, pintura, cinema, escultura e muitas outras colaborações com outros artistas, todas estas ramificações e cruzamentos criativos assentam como uma luva nas mãos engenhosas do génio de Almada. Um toque único, uma mensagem quase sublimada em camadas de intenções. Geografias e auto retratos de um artista em torno das circunferências perfeitas e ângulos de ouro. O traço de lápis aguçado pelos labirintos de papel, de onde espreita sempre algo capaz de espanto maior. Muitos quadros sem nome, porque o nome é tantas vezes assessório, quando as definições não cabem em si mesmas de redutoras. A modernidade do futuro passageiro depois de ser pronunciado o verbo. Foram mais de 2 horas a caminhar em ritmo de admiração, no meio de tamanha diversidade de ofícios, entre pisos e corredores de surpresas. Confesso que já me doíam os pés, todavia, a alma andava feliz a domesticar ilhas de tamanha viagem.
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