Sentámo-nos a contemplar a fortificação antiga;
calmamente bebíamos os olhares por entre um copo de cerveja
recapitulando, sem saber, gestos de tempos idos.de quando em vez:
dos teus lábios de nuvem surgia o mar ainda novo,
do ombro nu - o flanco de sol em
maré cheia de esplanada,
no teu pulso de oiro - o relógio parado num tempo líquido,
do teu tornozelo queimado - subiam algas de andarilho.
do teu tornozelo queimado - subiam algas de andarilho.
depois disto,
o calor das palavras queimava a boca dos nossos segredos
o calor das palavras queimava a boca dos nossos segredos
esvaziando as horas iniciais.
No forte São Julião da Barra,
onde há séculos o sol repete a mesma
história;
trágica comédia de amores
desavindos
com tantos encontros perfeitos e outros finais.
ali, estava escrito nos corpos de areia e no pó das estrelas
que ano após ano, naquele dia e àquela hora, tudo voltaria a
acontecer,
sem que encontrássemos diferenças
entre personagens deste ou de
outro tempo,
porque no final tudo volta ao mesmo,
apenas diferem as máscaras e as sombras.
Sem comentários:
Enviar um comentário