Entre o sol e a sombra optei pela última hipótese. Estavam 33º quando visitei um jardim em Lisboa. Sentei-me entre duas árvores quando reparei numa pequena torneira que à minha frente deixava cair umas gotas, perfazendo no chão uma pequena poça de água. 10 minutos depois alguns passeriformes vieram refrescar-se, poisando em cima da torneira para depois atirarem-se cheios de fé para a poça. Achei curioso as aves não me ligarem nenhuma e não se importarem com a minha presença a escassos 3 metros. Contudo, sem motivo aparente, consoante apareceram assim fugiram num grande alarido. Olhei à minha volta e não vi nada que justificasse uma fuga tão aparatosa. Foi nesse instante que este pequeno esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) apoderou-se da poça e não esteve de meias medidas, foi directamente à torneira. Felizmente tinha a máquina comigo e registei o momento. Uns dias mais tarde voltei ao local, à mesma hora, com um fato camuflado, um banquinho, tripé, flash e outras gerigonças. Equipado da cabeça aos pés, estava decidido a fotografar a biodiversidade em torno da poça de água. Instalei-me a contemplar a torneira. Esperei e desesperei, porém nenhum bicho apareceu. Qual seria o motivo? Se eu estava camuflado no mais perfeito mimetismo, disfarçado por entre as árvores; e se a água fresquinha continuava a pingar? Os bichos não teriam sede? Quatro horas mais tarde, olhei para o telemóvel, a temperatura máxima era de 23º em Lisboa, desmanchei o acampamento e fui para casa a esfregar os braços.
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