
No Funchal,
o calor pedia sombra e bebida fresca, porém havia ainda algo para descobrir
antes do regresso a Lisboa. O meu amigo Bernardo tinha reservado para o último
dia a visita à Ponta de São Lourenço e foi uma óptima escolha. A magnífica Ponta de São Lourenço é um monumento natural inserido na Rede Natura 2000, fazendo parte da Rede de Monumentos Naturais da Região Autónoma da Madeira.
Uma paisagem árida e de vegetação arbustiva rasteira, algo completamente diferente do que tinha observado do resto da ilha. Uma península que se estendia como uma cauda escamosa de animal gigante, movendo-se de trezentos em trezentos mil anos com o regresso dos gigantes fosseis à vida.

Uma vez chegados, deparámo-nos com grupos de jovens turistas, devidamente equipados, que davam início às suas caminhadas. Uma senhora que devia ter mais de 80 anos, acompanhada por uma jovem, estava mais fresca do que eu e com mais fôlego de aventureiro para caminhar por entre escarpas e veredas ingremes. Caminhemos pois!
Eu não consegui fazer o percurso de 9 km na sua totalidade, nem perto disso, o coração assim não o permitiu. Contudo, gravei na memória o ponto onde fiquei. Talvez, numa próxima oportunidade, volte a este local e se possível caminhe mais uns mil metros.

Depois
de calcorrear trilhos, onde as pedras pareciam fugir por debaixo dos pés, o
terreno acidentado, com elevações imprevisíveis, descidas que convidavam ao
desequilíbrio, confesso, não me esburguei por sorte. O sol a pique acentuava o
cansaço, como tal, havia que fazer umas pausas para beber água e sentir a
paisagem entrar nas veias. Inspirei o ar atlântico e depois de matar a sede, surgiu um corre-caminhos (Anthus bertheloti) que reclamava como seu poiso, aquela pedra onde eu estava sentado.
Pelos céus, entre o mar e a península, em busca de uma presa
mais distraída, um peneireiro-comum (Falco tinnunculus) fazia voos rasantes junto às escarpas. Cá em baixo, nós humanos ainda temos tanto que
aprender até que a alma ganhe pena.
Agradecimentos:
Bernardo
Semedo
Silva
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