Santuário dos Colibris - Por estes lados a azáfama era grande e a vontade muita. Mal saímos do carro fomos alertados para não usarmos flash uma vez que perturbaria os bichos, aviso que respeitámos à risca. Cedo reparámos que estávamos perto de um ninho de Piranga flava, uma vez que a ave se atirava contra o vidro do carro, quiçá em protesto contra o reflexo de um eventual concorrente.
Situado em Monteverde na Costa Rica, o Hummingbird Gallery (creio que seja este o nome correcto) é um local que vale a pena visitar; tanto pela calma transmitida por intermédio da inebriante beleza natural, como pelos fantásticos colibris que por ali exibem todo o seu esplendor.
O Hummingbird Gallery engloba um pequeno pátio circundado por um pequeno jardim, acessível por vários trilhos e ladeado por densa vegetação, próximo da entrada da Reserva Florestal de Monteverde. Está munido por vários bebedouros que fazem as delícias das aves e dos visitantes do local. Os colibirs não se incomodam com a nossa presença, antes com a aproximação de aves rivais. Por isso, podemos tirar fotos relativamente próximo das aves e em voo, preferencialmente aquando das manobras de aproximação aos bebedouros. Se quisermos, temos também uma numa pequena loja de apoio onde pudemos comprar recordações (livros caríssimos!!!) .
As viagens são um património único e valem pelas memórias dos momentos vividos e isso ninguém nos tira. São instantes preciosos que perduram intocáveis e quase sempre acessíveis à distância de um sorriso ou de um olhar mais introspectivo.
Equilibrando-me neste ponto do hemisfério, turista às vezes, lá estava eu sentado num banquinho de madeira, sem me preocupar com outras avarias, observando os traços imaginários desenhados pelo voo destas criaturas. De quando em vez, tentava tirar uma fotografia, mas o tempo era de contemplação, em silêncio, só interrompido pelo zumbido dos voos rápidos e vocalizações únicas.
O tempo não teve tempo, antes esplendor e memória.
Tecnicamente a luz era muito escassa e muito filtrada pela vegetação. Como tal, se queríamos congelar o voo dos colibris, tínhamos que fotografar com valores de sensibilidade bastante altos. Com a objectiva 300 mm de focal fixa, optei por iso 2000, abertura f4 e velocidade entre 1/250 e 1/600 e claro... nem sempre com muito sucesso.
Aqui relato as minhas tentativas de descrever estes magníficos interpretes do voar e das coisas imperdoavelmente simples.
Um dos maiores colibris da Costa Rica - violet sabrewing Campylopterus hemileucur
O lesser violetear Colibri cyanotus era um dos colibris que mais aparecia para matar a sede
Os colibris estão entre as aves mais pequenas do mundo. Quanto ao pequeno Heliodoxa jacula parecia ser o responsável pela fragilidade dos troncos.
A cadência do bater de asas dos colibris pode atingir as 60 vezes por segundo. Em voo surge o purple-throated mountain-gem Lampornis calolaemus, seguindo-se o mesmo colibri com outra luz e outros reflexos, por fim temos a fêmea por detrás de uma névoa de vegetação.
Quanto à frequência cardíaca destas aves situa-se entre os 500 a1200 batimentos por minuto. Em torno dos bebedouros existia uma suportável convivência entre o bananaquit Coereba flaveola e o violet sabrewing Campylopterus hemileucur.
A cor destas aves resulta da refracção da luz e não de uma pigmentação específica Este colibri, stripe-tailed hummingbird Eupherusa eximia, oberveio-o perto dos bebedouros do santuário de Monteverde, contudo estas fotografias foram feitas num jardim de San Gerardo de Dota, uma vez que ficaram com uma luz bem melhor.
O steely-vented hummingbird Amazilia saucerottei foi registado, tanto perto da casa onde estávamos hospedados, como no santuário, porém prefiro a foto do colibri tirada no primeiro local.
Estes bichos são rápidos e podem atingir os 72 quilómetros por hora. Sinceramente, pretendia fotografar a ave Lampornis calolaemusmas o foco da máquina decidiu que era melhor registar a vespa e sem querer fiz-lhe a vontade.
Agora outras criaturas:
Este hepatic tanager Piranga flava defendia de forma aguerrida o seu território contra intrusos de 2 patas e 4 rodas.
O tímido common chlorospingus Chlorospingus flavopectus veio esconder-se debaixo do carro e nós dizemos-lhe: Olá Tico!
Termino este artigo com uma foto do meu amigo Frade, numa composição entre
o reflexo e a busca das aves coloridas.
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