Partimos em direcção a Esmoriz na esperança
de fotografar duas espécies de falaropos que por lá tinham sido
avistadas. Alinhei na aventura, uma vez que estava assegurada a boa companhia e
o saudável convívio entre companheiros. Antes de entrar no carro, abrimos as hostilidades
badalhocas, com algumas antologias fálicas sobre o bico das aves, o que nos
levou por minutos de risada fácil. Galgámos quilómetros, pusemos a conversa do olhar em dia, como se o tempo se estivesse a
esgotar; estilhaços colaterais desta pandemia que ainda por aqui se faz
sentir.
Horas volvidas, chegámos ao local. Calcorreamos
os belos passadiços da Barrinha de Esmoriz, porém, aqui e ali, a precisar de algumas
reparações. De máquinas e tripés às costas caminhámos até a uma zona dunar,
próxima da praia, onde as aves tinham sido observadas no dia anterior. Durante
o caminho sentimos o folgo e o riso dos
ciclistas, o cantar dos escuteiros, o anonimato furtivo do treinador de futebol, alguns
corredores de passada larga, e outros que por ali usufruíam do contacto
com a natureza e as coisas simples do respirar.
As minhas pernas queixaram-se das subidas e descidas nas dunas, mas nada que o coração não soubesse aguentar e lá bombeou o espírito do sangue para mais uns metros. Com o coração na boca consegui lá chegar.
Quem quiser fazer a totalidade dos Passadiços de Esmoriz, prepara-se
para 8 km num percurso circular, ladeado por zonas húmidas de importância vital
para a biodiversidade local, inseridas na Rede Natura 2000. Por certo valerá a pena!
Depois das dunas altas, encontrámos observadores
com os seus telescópios e fotógrafos deitados na areia, não a apanhar banhos de
sol, antes a tentar o melhor ângulo para registar as aves que por ali cirandavam. Cumprimentámos
conhecidos, revisitámos amigos destas andanças e preparámos o equipamento. Após localizar os falaropos, lá me atirei para
areia, (da qual provei o sal e a maresia) para depois da espera, tentar compor
algumas fotografias que representassem os bichos e a felicidade efémera dos homens.
A simpatia do falaropo-de-bico-grosso e as suas manobras de aproximação.

Falaropo- de-bico-fino em harmónicas deambulações.
Outras aves por ali interagiam, como foi o estoico combatente, nada incomodado com a nossa presença